Um desabafo
Sandra M. Julio
Não quero acordar, também não quero mais sonhos vazios, perdidos, esquecidos em noites dolentes...
Quando a manhã se despe entre as nesgas de sol, o cansaço do meu olhar se faz horizonte e a dor da expectativa invade momentos onde as dúvidas perscrutam realidade.
Em mim os outonos se fazem estação...
Acho que em algum lugar a esperança sobrevive, para que haja um amanhã... Mas no agora, quero um ponto final nos ditames da razão (que regem minha loucura).
Quero chorar todos os oceanos, deserdando a serenidade de cada ato, sem cruzar linhas, sem colecionar troféus... Pois não quero me embriagar do gosto da vitória, nem relatar pódios onde por engano um dia subi.
Quero apenas deter o trilhar das horas em que penso, esquecida dos conceitos e preconceitos, sem contabilizar as expectativas em que tropeçamos a vida toda...
Sem gestos estudados, como natimorto, adentrar o profundo da mãe terra e na normalidade do tempo quem sabe renascer sem a insegurança que manobra cruciais momentos.
Assim amordaçando a estranheza das máscaras, deletar tolos julgamentos e o constrangimento que se esconde em secretos olhares e complexas amarrações da vida.
Desabitada de mim adentro os labirintos da emoção, fazendo-me estrela de mares distantes ou quem sabe, caminho para desbravar o microcosmo que sou.
Sandra
19/03/06