Diálogos

Diálogo entre amigos que não se viam a anos.

_Olá, João, quanto tempo! Como está se sentindo?

_Meu amigo, ultimamente ando me sentindo estranho. O brilho das estrelas cessou, o céu está opaco, no meu jardim encontram-se flores negras e despedaçadas pelo tempo, pelo vento que uiva gélido e voraz. Fui obrigado a dizer "adeus" aos meus amigos e familiares, aquelas despedidas dolorosas em que saimos tristes e chorando. Lágrimas com gosto de esgoto sujo, uma podridão lacustre, com vermes roendo os meus mais profundos sentimentos. Minha alma espedaçou-se, não passa de lembrança de um passado longínquo. Agora ando pelos becos e ruas escuras, na imensidão da madrugada, bebendo aos poucos o suave veneno da solidão. De companheiro tenho a bebida, o cigarro e alguns livros que consegui salvar. No entanto, o que era preciso salvar, que era a mim mesmo, ah, isso eu não consegui, fui um fraco!

_Mas o que aconteceu? Morreu alguém? Alguém está doente? Você está doente? Perguntou o amigo aflito.

_Não, eu amei...

João Augustus Mayer
Enviado por João Augustus Mayer em 12/06/2009
Reeditado em 12/06/2009
Código do texto: T1645508
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