Diálogos
Diálogo entre amigos que não se viam a anos.
_Olá, João, quanto tempo! Como está se sentindo?
_Meu amigo, ultimamente ando me sentindo estranho. O brilho das estrelas cessou, o céu está opaco, no meu jardim encontram-se flores negras e despedaçadas pelo tempo, pelo vento que uiva gélido e voraz. Fui obrigado a dizer "adeus" aos meus amigos e familiares, aquelas despedidas dolorosas em que saimos tristes e chorando. Lágrimas com gosto de esgoto sujo, uma podridão lacustre, com vermes roendo os meus mais profundos sentimentos. Minha alma espedaçou-se, não passa de lembrança de um passado longínquo. Agora ando pelos becos e ruas escuras, na imensidão da madrugada, bebendo aos poucos o suave veneno da solidão. De companheiro tenho a bebida, o cigarro e alguns livros que consegui salvar. No entanto, o que era preciso salvar, que era a mim mesmo, ah, isso eu não consegui, fui um fraco!
_Mas o que aconteceu? Morreu alguém? Alguém está doente? Você está doente? Perguntou o amigo aflito.
_Não, eu amei...