Psicografia pessoana
Onde tenho dúvidas,
E fome de faquir,
Grito para ouvidos amigos,
Gritos que me querem ouvir.
Sou louco para sãos, loucos
Do hospício mundo,
Luto na vida por poucos grãos,
Ainda que tenho amigos de fome moribundos.
Da política só quero a boa arte.
Da música a nota mais suave.
Do sol que dia-a-dia ilumina,
Direi que tive vida de sorte.
Onde tenho dúvidas,
E fome de faquir,
Grito como louco da loucura que me é este mundo,
Grito, qual candidato em comício, para ouvidos sãos.
Da política que espero a boa arte,
Não tive nada senão triste vida e horrenda morte.
Da viúva, cujo ao lado, cortejo do falecido acompanhei,
Nem uma dózinha sequer demonstrei,
Pois em vida o agora ex-vivo, todo amor por ela exprimia
E ela que por falsos gestos e palavras dizia que também sentia,
Colocou-o sob alcunha e muita troça, e o coitado desta resolveu partir.
Na lápide daquele que luta por poucos grãos, escreverão
Tinha fome de faquir, morreu como tantos outros,
Nessa vida já não mais vivida, de amores, fome ou mesmo tremores,
Que fora sua vida nordestina.