Manietado, como ontem.
Vejo-me manietado à impossibilidade
de agir por mim mesmo.
Quantas vezes já não estive nesse lugar?
Quantas vezes já não fui esse lugar?
As pedras, os vegetais, os objetos (todos fulcro - em singular - da minha existência)
já não são estranhos, como ontem,
pois nem o ontem é estranho,
como ontem.
Hoje, em um esplendor magnífico, posso ver-me sob o crivo
da casualidade e - mais do que ninguém -
vejo que ela já não existe.
Há um pouco de significado em tudo
e não falo somente da mera sintonia das palavras,
mas de uma amplitude maior que a própria essência.
A mim vejo-me esguio; distante.
E, num estridor ensurdecedor, percebo algumas músicas
que, em estratagema, convidam-me a seu mundo mágico,
todavia estou disperso.
Maniatado, observo toda a efusão com simplicidade e calma.
Hoje, somente hoje, tudo não me é estranho e imperceptível
como ontem.