Agonia

Entre um verso e outro

como calice de absinto

A cada gole de saudade, morro

Mais obstinado fico, socorro

Quero perfeição,

vem a embriaguez e o labirinto

Almejo o inalcançável

A presença de Ariadne

Como o espírito Faustiano

Mas quem me chega

É a embriaguez indispensável

A discussão prossegue

Entre mim e a poesia

Ela reluta, luta

Vence-me à revelia.

Apago o que escrevo

Desisto de um natimorto

Vago sem destino

Procuro outro porto.

Alcanço enfim outro cais

Ventos, temporais

Assusta-me o conforto

Quero o verso certo

Quero a utopia

Quero os teus abraços

Sobra-me agonia.

Evan do Carmo
Enviado por Evan do Carmo em 05/06/2009
Reeditado em 10/06/2009
Código do texto: T1632977