A morte da razão
Eu há muito navego à deriva
reconheço que é inseguro
confiar na vizão cansada
da minha velha consciência.
Inconsciente eu vivo
num mundo que perdeu
seu objetivo... mas,
quem não sabe para onde vai
que importa o caminho a seguir?
O período de paz que outrora vivemos
nem sempre nos salvará do futuro turbulento.
Superar-se, eis a única razão para que se vive
apenas o criar pode iludir o alquimista
que perdeu a fórmula do seu amor
pela criação... eis me aqui, poeta vencido
o lirismo das almas doentes acometeu-me de raiva
mordo tudo e todos, cuspo as faces dos que riem,
dos que brincam de ser feliz...
Eu, o filósofo que pensava subjugar o velho
poeta ocioso... Perdi a luta. Diz Ariadne que
não sou um deus, por isso ela deve me amar
porque assemelho-me a uma criança
que se perdeu ao ir à escola...
Uma criança que ainda precisa
de colo, de afeto maternal, de um abraço
desinteressado, de um bombom...
Poeta que diz vicío não possuír
que não faz poesia se não lhe sorrir
o espectro da solidão...