UMA NOITE ESTRELADA

(POEMA EM PROSA)

Fazia calor. Ela levou um copo grande de suco para o quintal e colocou-o  ao lado de uma espreguiçadeira. Um suor gelado escorria pelo copo. Passou um tempo brincando, fazendo desenhos com o dedo, empurrando as gotinhas para lá e para cá. Sentia-se quase como se não tivesse pensamentos. O escuro daquela pequena cidade do interior a abraçava, amigo e protetor. O céu estrelado parecia baixo e próximo. Era o mês de outubro. Ela sabia que nessa época a Terra passava pelo cinturão de asteróides. O espetáculo das estrelas cadentes pelo qual esperava todo ano, era isso que esperava ver. Nem sempre lhe ocorria estar num lugar tranquilo e escuro, como agora. Viajara sozinha para pôr as ideias em ordem; não, não era apenas isso... O que queria mesmo era ter um contato com as próprias emoções, ouvir o que dizia seu coração, quando o silêncio ajudava. O céu estava estrelado, empoeirado e fantástico. Se ela pudesse, faria para si um longo vestido com o desenho que seus olhos absorviam. Ainda era cedo. Tinha bastante tempo para escolher os pedidos que não faria.