COMO TORNEI-ME VICIADA

Mergulhei nos rios do amor, incentivada por influência das emoções.

A princípio não queria compromisso.

Experiência inédita, inerente a iniciados. Uma doce inocência em seus primeiros passos: cambaleantes, indecisos, pausados...

Arrisquei... as águas alcançavam os tornozelos. Nesta fase, fui vacilante.Oscilava entre a curiosidade e a dúvida.

Deliciei-me no frescor sobre os pés.

Avancei e as águas chegavam aos joelhos. Descontente com a mesquinharia, submergi meu corpo até os lombos. Alcançando a altura do tórax, banhei o coração por inteiro.

Tornei-me insaciável, vislumbrando o etéreo e nobre sentimento. Fez-me viajar pra outras dimensões. Ali estava nascendo, ao cheiro das águas, o amor. Germinava em solo fértil. Lindas melodias espargiam a magia no ar, em forma de canção inaudita.

Quis embriagar-me, mergulhei por completo. Nas correntezas embalei-me, no ardor do momento.

No afã de eternizar o evento, pedi aos rios que se tornassem perenes, jorrando sobre toda a humanidade. Que seus veios se expandissem a contagiar em massa. Acima de tudo, tivessem a ousadia de viciar seres humanos, transformando-os em dependentes eternos desta única ‘’droga’’ lícita, completamente aceitável, tolerável e 100% difundível em todos os meios sociais e faixas etárias. Sem contra-indicações.

Queres experimentar?

‘’O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba.’’ ( I Cor. 13)

Alessandra Borges
Enviado por Alessandra Borges em 02/06/2009
Código do texto: T1628471
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