Inércia

O céu é metalino, plúmbeo.

A inércia agarrou-me sem que eu lhe tivesse dado qualquer tipo de consentimento para o fazer. Ouço os sons do universo e olho ao redor.

Sou um corvo no seu ninho elevado, algum lugar na mais escura das árvores. Os cobertores de segredos em que me enrosco tomam os cheiros do solo e os tremores da umidade. Não há nada que me aqueça aqui e a ventania já não diz o meu nome.

És ainda a sombra branca e fria que se lança no canto do meu pensamento… quando a única coisa que eu precisava agora era de uma chama forte para me conservar cálida. És ainda a dor breve que me importuna o sono quando a única coisa que eu necessitava era de uma noite de real sossego.

Mas pelo menos há pequenas luzes de aceitação que me realçam as mãos desocupadas.

Existe sempre algo melhor que o nada. E mesmo assim, esse algo não basta.

Tatiane Gorska
Enviado por Tatiane Gorska em 02/06/2009
Código do texto: T1628211
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