PRISIONEIRO DO DESTINO
Eu era livre e inocente, quando era um regato nascido das entranhas da terra.
Na minha solidão de água e musgos, brincava pueril nas encostas frescas e no talvegue das montanhas.
Às vezes, esse regato se transformava em cascata, borrifando em chuviscos as ramagens ribeirinhas e, ao mesmo tempo, desenhava pequenos arco-íris, para reverenciar a minha passagem triunfal.
De tanto peregrinar pelas montanhas e pelos campos, hoje eu me transformei num lago.
Um lago profundo de águas claras e calmas, um verdadeiro prisioneiro entrincheirado entre os pequenos montes, servindo apenas de espelho ao firmamento, o meu único e dileto amigo de todos os tempos.
De tempos em tempos sou beijado pela lua, essa minha namorada sideral convencida e cheia de si, que me usa tão somente para espelhar-se, num envaidecimento nostálgico e solitário.
No verão, as minhas águas se tornam turvas e inquietas, em virtude das peraltices dos meninos e das meninas que me visitam todas as tardes, para refrescar os seus corpinhos quentes de juventude.
Assanho-me com elas e brinco também.
Quando chega o teimoso crepúsculo, chega também uma tristeza primitiva, apascento-me silencioso na serenidade das minhas próprias águas.
De vez em quando, alguém se senta junto a mim e, em silêncio, permanece horas a fio olhando-me ensimesmado.
Gostaria muito de ajudá-lo, no entanto rejubilo-me em serenidade e transfiro ao meu consulente vespertino a minha paz milenar.
Quando a noite chega, eu me recolho em silêncio profundo na intimidade das minhas águas e, nas profundezas das minhas entranhas líquidas, eu me apascento para receber a energia fortificante do inexpugnável cosmo.
Rejubilo-me com a natureza a minha volta e, com essa minha irmã inseparável, juntos nós preparamos um cenário indizível, vestindo este planeta de cores nunca vistas, para receber a nossa outra irmã, toda rica, confiante, festiva e bordada de ouro e prata.
Miscigenando-se em cores a nossa irmãzinha aurora, desperta no horizonte trazendo-nos a sensação de vida nova.
Numa euforia adolescente, vestida como uma menina moça, ela nos faz despertar confiante para a nova vida.
Agora nadou no meu lago, eu quero dizer, nadou em mim mesmo, uma estrela matutina que veio acompanhada da aurora e transformou-se numa sereia estelar.
Graciosamente habitou por completo as minhas profundezas e, para regozijo meu, ela canta suavemente nas cavernas profundas e infinitas desse imenso lago que sou eu mesmo.
Assim, eu me sinto prisioneiro agradecido ao seu jugo e, em virtude da minha índole rebelde, desejo ser algemado ao seu auspicioso encanto.
Na verdade, é porque eu sou um lago perigoso e somente respeitarei os grilhões que me prendem nela: O amor.
Por isso, eu sou um prisioneiro do destino que se delicia com as “liberdades” do seu cárcere.
Não sei por que, mas a minha intuição diz que, ela não permanecerá por muito tempo nas profundezas das minhas águas.
Eu era livre e inocente, quando era um regato nascido das entranhas da terra.
Na minha solidão de água e musgos, brincava pueril nas encostas frescas e no talvegue das montanhas.
Às vezes, esse regato se transformava em cascata, borrifando em chuviscos as ramagens ribeirinhas e, ao mesmo tempo, desenhava pequenos arco-íris, para reverenciar a minha passagem triunfal.
De tanto peregrinar pelas montanhas e pelos campos, hoje eu me transformei num lago.
Um lago profundo de águas claras e calmas, um verdadeiro prisioneiro entrincheirado entre os pequenos montes, servindo apenas de espelho ao firmamento, o meu único e dileto amigo de todos os tempos.
De tempos em tempos sou beijado pela lua, essa minha namorada sideral convencida e cheia de si, que me usa tão somente para espelhar-se, num envaidecimento nostálgico e solitário.
No verão, as minhas águas se tornam turvas e inquietas, em virtude das peraltices dos meninos e das meninas que me visitam todas as tardes, para refrescar os seus corpinhos quentes de juventude.
Assanho-me com elas e brinco também.
Quando chega o teimoso crepúsculo, chega também uma tristeza primitiva, apascento-me silencioso na serenidade das minhas próprias águas.
De vez em quando, alguém se senta junto a mim e, em silêncio, permanece horas a fio olhando-me ensimesmado.
Gostaria muito de ajudá-lo, no entanto rejubilo-me em serenidade e transfiro ao meu consulente vespertino a minha paz milenar.
Quando a noite chega, eu me recolho em silêncio profundo na intimidade das minhas águas e, nas profundezas das minhas entranhas líquidas, eu me apascento para receber a energia fortificante do inexpugnável cosmo.
Rejubilo-me com a natureza a minha volta e, com essa minha irmã inseparável, juntos nós preparamos um cenário indizível, vestindo este planeta de cores nunca vistas, para receber a nossa outra irmã, toda rica, confiante, festiva e bordada de ouro e prata.
Miscigenando-se em cores a nossa irmãzinha aurora, desperta no horizonte trazendo-nos a sensação de vida nova.
Numa euforia adolescente, vestida como uma menina moça, ela nos faz despertar confiante para a nova vida.
Agora nadou no meu lago, eu quero dizer, nadou em mim mesmo, uma estrela matutina que veio acompanhada da aurora e transformou-se numa sereia estelar.
Graciosamente habitou por completo as minhas profundezas e, para regozijo meu, ela canta suavemente nas cavernas profundas e infinitas desse imenso lago que sou eu mesmo.
Assim, eu me sinto prisioneiro agradecido ao seu jugo e, em virtude da minha índole rebelde, desejo ser algemado ao seu auspicioso encanto.
Na verdade, é porque eu sou um lago perigoso e somente respeitarei os grilhões que me prendem nela: O amor.
Por isso, eu sou um prisioneiro do destino que se delicia com as “liberdades” do seu cárcere.
Não sei por que, mas a minha intuição diz que, ela não permanecerá por muito tempo nas profundezas das minhas águas.