Pesadelo

Mais uma das tantas noites em que desejo simplesmente adormecer mais eis que mal adormeço, eles vêem: os pe-sa-de-los.

Ao defrontar-me com o espelho pendurado próximo a minha cama para pentear meus cabelos percebo que o mesmo refletia-me de perfil com os cabelos impecavelmente penteados. Mesmo assim tentei penteá-los intra espelho, mas atentei: ... como podia eu estar olhando para o espelho e ver minha imagem de perfil? Pior... só a minha cabeça estava no espelho.

E o restante do corpo?

Ah, esse estava aqui para fora todo ensaguentado. O sangue que escorria do meu pescoço descia pelo peito e pelo braço sujando o pente. Conseguia sentir o calor e o cheiro do sangue fresco...

Como podia? Afinal eu estava acordada ou estaria dormindo?

Estava dormindo e me lembrava perfeitamente de que adormecera empunhada de meu terço de bolas cor de laranja, meu companheiro nos momentos de oração. Podia sentí-lo entre meus dedos. Tentei então arremessá-lo contra a parede na esperança de que alguém na casa pudesse ouvir o seu barulhinho como de um chocalho musical acompanhado dos meus grunhidos de agonia e viesse em meu socorro, despertar-me...

Mas nada. Eu só tinha a intenção mais meus braços não tinham forças nem para mover-se, quanto mais para arremessá-lo contra a parece...Depois...como poderia meu cérebro enviar mensagens para meus braços arremessar o terço contra a parede na tentativa de despertar sonos tão profundos se eu era apenas uma cabeça???

Ou seria eu apenas um corpo com membros uma mão que segurava um terço mais sem cabeça, ou não segurava um terço e sim um pente???