Gota d'água
Pelas bordas
o líquido escorre.
No olhar o desconforto
pela certeza que a fragilidade existe.
João que ama Maria que ama Luis
que ama Roberto que ama Sofia
que só deseja se divertir.
Todos eles com sentimentos iguais.
Nenhum deles sem o desejo de ceder.
Possessividade no amor.
Intenso desejo de ter.
- Tu és meu.
- Eu sou tua.
- Nós não nos pertencemos.
Certo? Não.
João que não se ama
ama Maria que não se ama
mas que ama Luis que
não a ama e que ama Paulo
que não se ama e que ama
Sofia que é a única que se ama
porque se diverte.
E a gota d'água,
límpida, percorre caminhos diversos
formando vincos profundos.
Amar deveria ser o sentimento da alegria.
E não a ira, e não
a gota d'água no desencanto do amor.