AO "MAESTRO SILÊNCIO"...

Numa manhã de outono...

Hoje despertei mais cedo porque todos resolveram me chamar.

As vozes são as mesmas e saiba, são reais.

Estão sempre lá fora e nunca permitem que eu continue a dormir acordada...

Na quietude você grita mais alto... e sempre me desperta.

Quando percebi, também havia mãos sobre mim, aquelas de sempre, que sempre foram fictícias, mesmo quando foram reais.

Já era hora e as suas vozes inisitiram.

Vinham do longínquo vermelho da aurora e também recém despertadas sobrevoavam em festa a minha janela e me forçavam a amanhecer.

Porque existem noites que teimam em não despertar nunca!

A coruja cá de cima enfim sossegou, porém as maritacas nunca nos dão sossego!

Sabe silêncio, eu nunca entendi as maritacas!

Passam a vida aos berros, e quando lhes atento o olhar, eu nunca vejo nada.

Voam em bando, nunca estão sós...e sempre alcançam a liberdade do horizonte.

Maritacas sempre foram mais fortes e mais barulhentas que você.

A corruíra, minha melhor amiga, cujo canto tênue prefere as cores do crepúsculo da tarde, hoje cedinho também estava lá!

Parecia sonolenta nessa sinfonia matutina de outono, deveras inconfundível aos meus ouvidos!

Despertou no mesmo galho da palmeira de sempre, reduto dos pardais, bem aqui em frente...e que pelo tempo nunca mudou de posição.

Os bem -te vis, esses sim, me parecem eternos insones!

Por aqui, cantam pelas quatro estações, alheios a tudo, revéis à maestria de todos os silêncios e à inércia dos entornos cinzas...pois acredito que sabem que seu canto é cor...

E aqui de cima, é a você silêncio...que eu sempre escrevo e me descrevo, sem nunca me despedir.

Como você é tenaz!

Maestro dessa sinfonia de poesia que pelas minhas manhãs sempre me desperta no mesmo primo semitom de saudade...