REDOMA (versão em prosa)
Você elimina o concreto dos meus dias; sopra suave, sereno, a cada segundo, a dulcíssima certeza de sua presença.
Vaga pela severidade de minhas coisas salpicando formas, tons de vida, efeitos de brava chuva em solo seco do sertão. E construo brinquedos com a realidade...
Você me guia pelas mãos, pela respiração, guarda-me em sua trajetória tranquila que flutua a criar com vestígios de estrelas
os primeiros traços da perfeição do mundo.
Nós envolvidos numa redoma de quimeras e as horas, despidas de qualquer urgência, escorregam líquidas por nossos prazeres...
E as horas escorrem lentas e ininterruptas, acumulam-se, transformam-se em imensidão de águas que se elevam sorrateiramente
a submergirem nossos corpos distraídos...
Destruindo os frágeis brinquedos de realidade...
Rompendo a redoma de quimeras atrofiadas...
Impondo movimento à perfeição do nosso mundo...