Adeus
Me humilharei numa desculpa e me afastarei sem olhar para trás. Deixarei os teus impérios, os teus castelos ideais sem ao menos os contemplar uma última vez. Levarei o meu cavalo para que nem a brisa te saiba falar para onde fui, correrei mais que o vento e ele fará desaparecer as minhas pegadas, para que eu me desfaça dos teus rumos sem deixar qualquer sinal.
Seguirei célere, sem parar jamais, para que a saudade não me engane e os meus pés não desejem fazer o caminho de volta. Correrei de olhos fechados, noite e dia, para que nem mesmo os astros me convençam a ficar.
O meu cavalo saberá levar-me de volta à casa junto ao lago onde jamais me permitiste levar-te, para que eu possa chorar-te em paz nos silêncios dos dias de névoas. E nas noites de luar, nem as sombras da lua te falarão de mim, sequer os pedaços de nuvens te levarão o meu perfume, para que me esqueças, para que me prendas nas prisões das tuas lembranças, junto de tudo aquilo acerca do que não desejas pensar.
Não serei mais a feiticeira do teu reino, aquela que renuncias a cada olhar, a cada conversa que intentas estruturar. Eu preciso mais do que isso, necessito mais do que um trato trivial, mais do que um aceno cortês e um sorriso desprovido de coração.
Não serei mais a dançarina dos teus serões, a favorita dos teus jogos de vocábulos.
Irei embora.
E se alguma vez te arrependeres por me deixares partir, pode ser que aches a direção até mim… mas nesse instante seja tarde demais.