Inquietação

A lua esconde-se inquieta detrás de uma chuva frequente que molha tudo. Queria contemplá-la, queria-lhe a claridade e a inspiração… mas tudo vem filtrado de brumas e eu não sei cantar.

Estás distante, em alguma parte onde eu não sei de ti. Perto dos astros, onde o meu olhar não atinge a tua luminosidade. És o som longínquo da imaginação que eu não sei escutar.

Há pinturas pelas paredes, existem representações… mas elas atenuam-se a cada pulo do ponteiro deste relógio dividido. Fui eu que o parti, intentando gravar nas areias do mundo todos os vocábulos que pronunciaste. Fui eu que o fiz em pedaços e permaneço a vê-lo trabalhar, na mesma aflição com que conta os meus dias.

Estás distante, em algum lugar onde não sei de ti. Quiçá nas tuas viagens incessantes pelo reino áureo, onde eu não sou merecedora de adentrar. Talvez perdido nos rumos sombrios dos humanos. Talvez perto demais e eu nem saiba, por não saber olhar e enxergar que permaneces mesmo ao meu lado.

Tens mais encanto do que imaginas e eu o desejo mais do que sonhas. E hoje… hoje queria que adormecesses no meu colo enquanto suspirava enternecida por contemplar-te a descansar ao brilho da lua.

Tatiane Gorska
Enviado por Tatiane Gorska em 22/05/2009
Reeditado em 22/05/2009
Código do texto: T1608751
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