Perfeito
“Os dedos apontados ao mundo”, construir um mundo como estas casas marítimas, entre os números 12 e 36. De pedra e esmalte, o branco esmaltado,
prolongando o halo de uma luz ao fim do dia.
E as sombras em homenagem à noite liquescente.
Quando os dedos mais longos que as aves, a orla panorâmica do infinito, dissesse. As casas para meditar os olhos acesos. Depois. Depois de escrever um sentido de quem pensa a realidade para si sem um sentido exacto.
As ruas que há nas veias, nenhuma certeza que apazigúe todas as incertezas, enquanto se escuta o débil som dos passos sobre a relva.
As janelas – concebidas para alguém esperar o vento – reflectem a película vidrada do silêncio. Uma atmosfera de folhas diluídas no ar
me lembra a eloquência dos românticos, este espaço ou esta hora ou o que vier para lá dos muros desfocados na neblina,
este espaço entre árvores verticiladas,
escrever o mundo
na verdade
marítima das casas, os números 12 e 36 e o infinito.
A realidade é a apreensão fenoménica. O branco esmaltado em anéis, coágulos de um tempo perfeito.
Podia ficar aqui para sempre, sem morada.