Chuva
Admito-me chorar. As lágrimas transformam-se na chuva que cai, calma e silenciosa, e existe um nevoeiro denso que me refresca a mente, que me tranquiliza as ideias.
Hoje, o mundo perdeu o desespero e ficou parado, olhando com submissão para os limites das direções. Hoje, as arvores parecem cantar de novo, contando em equilíbrio os pingos de chuva.
Talvez seja um silêncio medonho, uma escuridão que se obriga dispor… mas não neste instante, não ao fenômeno sem brilho deste dia de chuva. Neste momento, sou eu completamente só, eu de novo, e vou apertando as fitas, preparando os retalhos e as rendas, tentando reorganizar-me.
O coração continua suspenso, tremendo, mas não rogarei às almas da noite para me esquecer de ti. Não agora, não nos próximos meses, não nos próximos anos se considerar que assim o devo consentir. E se não fores mais nada… serás um diminuto capítulo, harmônico e empolgante, na história indeterminada da minha existência.