SOMOS
Somos um sem-número de condições que se interligam, constantes que se manifestam em épocas determinadas para reformular as alternativas a serem seguidas.
Somos a objeção suprema e a concordância suprema.
Somos a polêmica exigência de ligação entre a causa e o efeito.
Somos a ausência de algo diferente entre o presente o passado e o futuro.
Somos o racional elevado à categoria de interlúdio.
Somos os ditadores do fluxo de mudança e o organismo composto por sujeitos e predicados que nunca se tocam.
Somos o diferente e os aspectos igualitários do diferente.
Somos o descobridor e a terra descoberta.
Somos a aspiração e o sonho da aspiração.
Somos o resultado do evento avassalador e o frágil homem que é sua vítima.
Somos o espanto diante da incoerência, e a coerência nascente desta.
Somos o lugar onde todas as contradições recaem infinitamente na irmandade entre observador e observado.
Somos a superfície sem parâmetros que está entre o nosso conhecimento e o conhecimento do outro.
Somos a inexistência de fator comum e o desejável conflito perceptivo do um contra muitos.
Somos a habilidade de julgar e o julgamento baseado em valores que se interceptam multiplamente num ponto único.
Somos o centro que estabelece as categorias e a mão que as suprime em nome de uma corrente de mudança.
Somos o véu e o que ele oculta de si mesmo.
Somos a visão e o que ela vê com relutância.
Somos a janela comum ao tempo e ao espaço.
Somos os recessos interiores das forças construtivas, destrutivas e preservadoras.
Somos o coeficiente de ação e de repouso do universo.
Somos a sublimação do autoconsciente e o terror que daí vem.
Somos o obstáculo para o começo e o frenamento para o fim.
Somos a causa provável que originou as possíveis interpretações destoantes que mantêm todos os processos ordenados infinitos sob controle.
Somos os fragmentos de uma teologia que tomou por objeto de estudo as aberrações e consagrou o real como matéria agnóstica.
Somos os alienígenas que geraram a si próprios.
Somos a gênese da ortodoxia e do paganismo, indivisível e imaculada.
Somos a catedral absurda onde as figuras santas são as estrelas e os planetas.
Somos o cálice que contém os análogos líquidos de Deus e do Diabo.
Somos os sete sentidos do universo.
Somos a conexão pragmática entre existência e inexistência.
Somos a pureza infinitamente tentada por si mesma.
Somos a paleta que só tem duas cores: o caos e a ordem.
Somos o lapso onde o alfa e o ômega se tocam.
Somos o leito de amor do um e do zero.
Somos a hora em que se servirá a luz ao corruptível e ao incorruptível.
Somos o hiato invisível entre o dia e a noite.
Somos os pastores de luz e de trevas.
Somos o portal para o jardim exterior.
Somos a agenda em que toda regularidade é negada.
Somos o dogma do proscrito e a tábua de salvação do pecador, e o contrário.
Somos o mestre e o discípulo que nunca se encontraram.
Somos a floresta da ilusão, o delicioso fruto, o mel puríssimo, a flor odorante, o incenso que não se consome, a romã e o pêssego que não ressecam...............................................................................................................