Ditirrambo

A imagem de uma estrada sem curvas

Uma cena vulgar, como música tribal

Ou sereia a cantar... Todo som faz vibrar

Uma fibra no peito,

Quem enxerga no escuro um artista perfeito?

Minha língua ideal... Aprendi no quilombo

Como canção, ópera-ditirrambo.

Um escravo, um canto-perfeição

A voz da poesia vara a erudição

Escreve-se com tinta, não se ouve a razão

Um poema maldito... A fiel construção,

Na vida não há rima, uma prosa-canção,

Uma estrada de espinhos,

Que ninguém pisará... Há um homem

Franzino se afogando no mar...

Quem inventa uma porta

Do inferno pro céu?

O espírito de Dante, num eterno tropel

A buscar Beatriz e seus lábios de mel.

Evan do Carmo
Enviado por Evan do Carmo em 15/05/2009
Reeditado em 15/05/2009
Código do texto: T1594906