Ditirrambo
A imagem de uma estrada sem curvas
Uma cena vulgar, como música tribal
Ou sereia a cantar... Todo som faz vibrar
Uma fibra no peito,
Quem enxerga no escuro um artista perfeito?
Minha língua ideal... Aprendi no quilombo
Como canção, ópera-ditirrambo.
Um escravo, um canto-perfeição
A voz da poesia vara a erudição
Escreve-se com tinta, não se ouve a razão
Um poema maldito... A fiel construção,
Na vida não há rima, uma prosa-canção,
Uma estrada de espinhos,
Que ninguém pisará... Há um homem
Franzino se afogando no mar...
Quem inventa uma porta
Do inferno pro céu?
O espírito de Dante, num eterno tropel
A buscar Beatriz e seus lábios de mel.