AVE, WALDICK!
Agora, carinha, você se foi
e lhe deram até especial
na TV do barulho. Agora, sim,
você ganha tais homenagens.
Você precisou morrer
para ser cantor-espetáculo.
Até então, você era só
um bosta, o brega Waldick,
o bregão total, amoral, imoral...
Morreu, agora se enterrou, virou
cantou-show, e até ficou chic!
Antes, coitado, você
um brega de carreira,
sem eira nem beira.
Eu mesmo, que me digo povo,
lhe tolhia o cartaz, lá em casa:
- Brega, aqui, meninos, não toca!
E nunca lhe quis LP, nem CD
nem DVD, o diabo a dez.
- Ora, mas para quê?
Um bregão só de fuzuê!
Bebe pinga, chapéu e óculos
horríveis, fica rico, bate
em mulheres!...
Ah, não, aqui ele não toca.
Agora, sem remorso,
ando doido para ouvir
"Perfume de Gardênia"
e "Tortura de Amor"
na voz do "cantante".
Nem Benvenido Granda quero!
Nem Frank Sinatra
com os bobões "My Way"
e "New York, New York."
Eu quero é Waldick, o bom,
que deixou de ser brega.
Com licença da má palavra,
me botem Waldick Soriano
num MP qualquer... Por Deus,
povo ruim, ingrato e besta!
Som alto, botem bem Waldick,
de preferência com cachaça.
- Ave, Waldick, o que virou chic!
Fort., 13/05/2009.