Que medo de ficar feliz.

Ora, posto que é chama: tu ficarás na eternidade de meus sonhos?

Quem és tu, porém, que me assombra neste instante?

Por que é incômodo para meus delírios insanos, mas faz a morte ter sentido porque teve a vida sentido?

Supostamente crês que posso infiltrar-me sem paixões, mas não posso viver sem o amor.

Que é o amor, então?

Explica-me, um dia desses em qualquer beco sem saída, ou em qualquer boemia, ambos boêmios.

Explica-me de modo que faça parte de mim para que eu acredite piamente no que diz, embora tenho feito apreço a outras coisas que não fazem parte de meu, seja lá como for, eu.

Presumo mais uma vez, ironicamente: que é o amor?

É posto que é chama? É eterno enquanto dure?

É assombre para meu tempo? É janela para o mundo?

Que é o amor para os tormentos tenebrosos de orgulhos pálidos e loucos.

Ora, se perguntas é porque quer resposta. É o amor resposta?

E ciclicamente sonho vasto o campo verde e florido e céu azul: Ora, o amor é pergunta para uma pergunta. A resposta, pois, é uma pergunta.

E eu, quem sou?

O amor. Inquestionável, crentes que não creem. Amantes que não amam, sonhos que não sonham.

É de bom grado que interfiro e rasgo o tempo agora: O amor não é paixão. O amor não é loucura, nem vida, nem morte. O amor é o que eu não sei.

Alexandre Ferraz.