Pacto
Certa noite, tentava um mago fazer surgir, com seus próprios poderes, a vida.
Tentou encantos, mantras, palavras fantásticas: nada surtia efeito.
Após várias horas frustrantes de tentativas vãs, bradou em alta voz pela floresta em que se encontrava, que qualquer coisa faria para criar a vida, e ser um novo deus.
E eis que uma voz reboa pela escuridão da noite:
- Até tua alma darias, mago, em troca de fazeres surgir vida?
E o mago, já insano, no auge de seu desvario:
- Sim, minh'alma é tua, se me deres o poder de fazer surgir vida!
- Assina o contrato de posse com teu sangue. Logo farás nascer feijões e milhos, vegetais nobres, em plena floresta selvagem...
O pobre mago se viu próximo de realizar seu sonho; e assinou o pergaminho que surgira próximo a seus pés.
Firmado o compromisso, surge, também, um saco.
- Que é isso, ó Demônio? Acaso algum pó mágico?
- Não, são simplesmente sementes. Tu plantar-la-ás e farás surgir a vida. Quando brotarem, virei buscar-te; se não as plantares, levo-te já. E que te sirva a lição: só Deus dá a vida, não queiras ser como Ele...eu também quis ser-Lhe igual, e fui parar no mesmo lugar para onde tu vais.