Não sou tão forte

Não sou tão forte.

Não sou forte como às vezes falam.

Não sou tão forte. Tu tens conhecimento.

Não sou forte por disfarçar dias tristes de outros dias, por enxugar lágrimas com o desviar do olhar antes que se desprendam do fundo plano dos olhos do coração.

Não sou forte por dar uma rasteira no silêncio embarcando em conversas triviais a que a convivência obriga, nem por sorrir e não verter lágrimas quando se enxerga.

Não sou forte sequer por tentar.

Tu sabes.

Não sou forte porque há momentos em que a força se exaure e as fronteiras de quem (não) sente se empurram e inflam para não estourarem ao serem transpostas. Não sou forte porque basta me aproximar destas fronteiras para sofrer.

Não sou forte porque os dias tristes causam cansaço e mágoa, porque as noites não adormecem e cedem tempo para todas as lágrimas pendentes.

Não sou forte porque o silêncio ganha e ganha-me. Produz irritação. Aflige. Causa dor. Exibe cada segundo de gritos sem voz, sufocados na distância, como troféu… porque à noite não há conversações para lá das lembranças.

Não sou forte porque não tem valor sorrir deste modo.

Não sou forte porque não basta tentar… é necessário ter capacidade.

Sou muito pequena e fraca. Tu sabes.

Tatiane Gorska
Enviado por Tatiane Gorska em 12/05/2009
Código do texto: T1589273
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.