Eu tremo

Quente como um coração circular e enfermo. Eu tremo com as minhas tardes de olhos partidos no tempo. E enquanto tenho em mim o deserto, nenhuma fagulha de vida despedaça em grandes chamas para o futuro. Pelo contrário. Redijo a sangue. De face voltada para o sombrio. Fechada. Sem querer ouvir senão o som de mim própria incendiado pela chuva. Sem que nenhuma parte do sofrimento sobre para redigir ao passo que aqui tremo no frio. No frio de te contemplar. Dentro de mim mesma. Na rocha magmática. Como um gêmeo. Coberto de sombra. Naquele caminho para a instituição de ensino. De casaquinho curto nas mangas. Na distância dos ombros descolados no cansaço, abandonados ao ar no alto preço do frio. Ou ao redor de um quarto que se abriu pelo sofrimento nas tardes. Naquelas tardes cálidas. Enfermas. Circulares. Como os vocábulos cheirosos. Os vocábulos que hoje tremem no vazio descerrado. Do amor.

Tatiane Gorska
Enviado por Tatiane Gorska em 10/05/2009
Código do texto: T1585929
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