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 FALAS DE UM FILHO ARREPENDIDO...




Pudera, mamãe, trocar as ordens dos fatos, alterar a cronológica da vida e desta forma eu poderia  tê-la amado e compreendido mais e, assim sendo, teria sido um filho bem melhor do que fui...

Só depois que me tornei pai é que pude compreender a grandiosidade da sua alma generosa, a beleza dos seus atos e do seu desmedido amor de mãe...

Ah, mãezinha de cabelos de neve, de olhar embaçado pela ação cruel do tempo, da pele que encolheu; perdoa este seu filho que não compreendia nas vezes em que você zangava. Não era comigo que você brigava, mas era por mim que brigava.

Quantas vezes ouvi suas broncas, suas palavras enérgicas e muitas vezes a odiei...  Só agora  eu sei! Tudo quanto dizia ou fazia, nada mais era para que eu me tornasse hoje o homem correto que sou...Ontem, mamãe, quando fui rapaz rebelde, eu não sabia...

Pudera, mamãe querida, minha mãezinha amada, mudar a ordem dos fatos! Eu nasceria um homem, assim feito que sou e aos poucos ir remoçando voltando a ser um menino, depois retornar para seus braços, em seu colo ser um bebê e nele poder morrer. E não sofrer aqui neste momento tendo você em meus braços vendo-a falecer...