{Vou escrevendo...}
Vou escrevendo como quem caminha, como quem cava, como quem desbasta o campo, o capim, o cabelo, a parede, a pedra, a palavra, como quem fala a um espelho e compara sua vida a si mesmo, como quem (se) abre de modo mais desabrido... Como corola de flor desabrochada. Em certos momentos parece sinto medo, mas isso não me trava. Apenas sinto o medo, uma expectativa.
Mas medo de quê? De dizer coisas? De, de repente, não saber mais o que se pode dizer, há coisas que não se diz? Ou tudo depende mesmo é de como se diz?
Medo de encontrar o quê pelo caminho? Medo da folha aberta ou tela em branco e, de repente aparecer algo estranho, assustador ou claro demais ou de encontrar algum bicho que me devore? Esfinge demais.
Ou o medo é de não achar, aparentemente, coisa alguma. Pressupostos. Nada.