Da volúpia ao delírio
Era madrugada...Barulho da chuva na vidraça da janela...Acordei.
O rádio relógio tocava baixinho, uma canção de amor.
Ouvindo a canção, chorei...Chorei por um amor que não tive...
Naquele momento, senti necessidade de amar...Amar, simplesmente amar...
Amar, pura e totalmente, amar...Amar alguém...Ser amada...
Trocar carícias ousadas...Excitar-me...
Deliciar-me com beijos voluptuosos, ...molhados...demorados...
Nesse devaneio, continuei a chorar. Era um pranto antigo, precisava fluir!
Num desabafo, gritar... delirar...
Fui até a janela... Chovia muito...Fiquei a observar a chuva...
Gosto de observar a chuva... Ela me acalma...
Saí, fui para a rua, que estava deserta... Saí para a chuva...
Molhada, quase desnuda pela transparência da camisola branca e esvoaçante,
abri os braços e rodopiava, rodopiava, rodopiava, até cair ... tonta... extasiada...
Ainda enlevada pela volúpia... Incontida...Abrupta...Descomunal...
Vi, quase debruçado sobre meu corpo, ardendo em febre,
segurando uma de minhas mãos, eu vi... Vi o rosto do "AMOR" !
Erguendo-me em seus braços, falou em sussurros:"Está tudo bem agora"...
Que voz melodiosa! Misturando-se ao som da chuva ficou perfeita!
Sorri...E uma lágrima rolou...No cantinho da boca, senti o sabor do sal... O sal da vida...
De novo sorri... Sorri para o "AMOR"...
Mariluxa