TIMBRE DE OUTONO
Ninguém nunca me ensinou
que o outono é belo!
Eu o descobri casualmente,
ao abrir suas cortinas...para o meu ilusório tempo.
Fui eu quem o libertou, sufocado...
daquele seu constante silêncio das tardes mornas
Que me cintilavam nuanças rutilantes...
Dum sol abafado de saudade.
E como eu floresci
Na mansidão do outono...
E de castigo
Trancafiei as suas flores
no jardim do meu tempo.
Ninguém nunca me falou
que o outono é zombaria.
E também
eu nunca soube do seu feitiço,
o de barulhar dentro do peito...
bem aqui ...qual ventania...
Um desatino de limites imprecisos,
A me perpetuar suas mãos
que nunca me soltaram.
Ninguém nunca me ensinou
que o outono fala.
Que me diz das noites que faltaram,
Que me sussurra sobre as madrugadas foscas
e das vontades esvaecidas
pela névoa do que não existiu.
Eu descobri que o outono queima...
Ao me ecoar as fagulhas
do tudo que preferiu se calar.