Instantâneo-grafia

Os carros atravesam a faixa de concreto que quase se esconde sob as árvores nas calçadas delimitantes. Um casal caminha entre o sombreado tranqüilo e a luz forte do dia sem nuvens. Telhados baixos cobrem as casas antigas circundados por prédios altos de arquitetura contemporânea. Ao longe, um pedaço de trânsito aparece por trás dos prédios. Um morro transpõe o horizonte. A copa de algumas árvores sembra um imenso guarda-sol conversando com a matéria não-viva de que é feita a casa à sua frente. De uma chaminé, a fumaça desenha um risco que dança ascendendo, o cheiro de comida elevando-se com outros cheiros do meio-dia que se dissolvem no ar e enchem as narinas urbanas. Há tanto detalhe despercebido e tanta grandeza indistingüível na cidade vista do alto de uma janela por alguém que tem o coração confuso e a alma plena na solidão de um dia belo e intenso que se segue e se segue e se segue...

Clarissa de Baumont
Enviado por Clarissa de Baumont em 01/05/2009
Código do texto: T1569913
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