Agora
Constrói-se uma frase no horizonte, um lugar atravessado pelas fendas brilhantes do dia. A dificuldade de depurar a paisagem, escolher - entre telas imaginárias – um programa de virtudes para viver. As árvores da despedida ao vento do passado. Talvez fosse a viagem numa noite anelada de sombras irídicas. Haverá sempre esta vigília iluminada na memória, volto à vocação do mar com as aves nas hélices do firmamento. Uma frase espontânea, sentir o impulso do que em nós arde no átrio das veias.
Um instante para olhar. Do outro lado da amurada onde estivemos. A luz fúlgida da eternidade nos dedos. Contra o vento, reparava no silêncio sob as pétalas móveis do ar, contra o corpo, possivelmente as folhas do corpo digeridas desde os lábios. Ordenar o olhar em nomes próprios, ordenar a memória à luz das imagens, um cenário exposto no hall enevoado do que desliza como água pelos dias.
Dá-me uma palavra circunstancial, emoldurar o delírio da noite. Dá-me uma frase vulnerável. A clareira dos ombros, o mar na tua boca elísia. Evoco a partir dessas formas os vínculos possíveis de virtudes reais.
Agora.