RENASCIMENTO

RENASCIMENTO

Quando o dia já se fazia noite, me peguei medindo forças com o lento crepúsculo. Mas, a escuridão encheu, e, me olhou com olhos de paz e esperança. A dor, antes lascinante, se foi, ocultou-se no horizonte, partiu em busca de outros portos, já que em mim, não mais existe morada, nem arrego.

Brotei cheia de luz, vida e cor. Minha imagem refletida no mar, parte-se em mil pedaços, esfacelando-se numa despedida da tristeza que por tanto tempo turvou meu riso. Agora, ele explode em mil risos, gargalhadas surgem do nada e do quase nada. Olho minhas maõs frágeis, inquietas, envelhecidas, mas, nelas a vida se diz, presente.

Minha alma volta a crer e se propõe a colher letras e linhas. Volto a acreditar em sonhos nunca antes acreditados, realizados, acreditar que estou em contagem regressiva para matar a solidão, despir minhas vestes negras, me cobrir de lírios, reaprender a viver, a escrever...me encontro, adoleço. Reencontro a criança perdida, redescubro sentimentos intactos, choro de felicidade, canto a quatro ventos minha descoberta, danço, uma dança de amor e vida.

Volto ao mar, me junto ás mulheres dos pescadores, que na praia, esperam seus homens, tecendo redes e sonhos...sinto-me uma delas...me confundo com elas, me fundo aos seus amores, vivencio suas saudades, sou uma delas, e, em vez de redes, teço amor, remendo minha vida.