FÊNIX
FÊNIX
Sinto frio! Meu corpo treme. Não é um frio comum, mas de quem está se esvaindo, morrendo. Tudo a minha volta se faz turvo e escuro. Não ouço claramente e tudo não passa de sombras, espectros e incertezas. Perdi meu chão, meu prumo, meu rumo. Perdi-me de mim, me perdi do mundo.
Sinto frio! O frio da morte. Não a morte do corpo, mas da alma. A pior morte que pode existir. Ela a sorrir se aproxima mais e mais e confesso que não me sinto compelida a combatê-la. Não tenho medo. A calma e a leveza penetram em meus poros. Um torpor me invade e num bailar compassado me deixo conduzir. Para onde? Não faço idéia e nem pergunto, simplesmente me deixo conduzir. Estou em paz e feliz.
O frio já não mais existe. Fui! Morri! Morri para as sombras, os medos e assim me achei. Achei-me em mim e no mundo. Minh’alma renasce transcendente, fortalecida, revigorada. Vivo! Respiro! Existo!
Sinto frio! O frio do vento em meu corpo nu, em minha alma despida. Preciso me vestir. Lanço mão do amor, da coragem, perseverança, humildade sabedoria, compaixão e me visto para trilhar o novo caminho que desponta à minha frente.
Já não sinto frio! Sigo, nascendo a cada dia para um novo e estonteante alvorecer.