Manhã de domingo
Manhã parada de domingo. Super ensolarada. E clara de silêncio.
Vem o vento, canta aguçado quando entra pela nossa janela sem gelosia.
Meio chorinho, meio blues, meio Edith Piaf, maior tenor que vem da terra, tanta terra que vem no vento preenchendo o vácuo, ele folheia lento as páginas de um livro aberto, as palavras se embaralham deixando no ar todos os sentidos.
A toalha da mesa parece a saia agitada de uma mulher que dança. E de um pára-quedas em queda livre. Rangem as longarinas de nossa máquina voadora, vôo adentro num "tunô", depois desembestamento em parafuso.
O vento não pousa, nem uma pausa nessa manhã de sol virado.
Eu, revirada como quando ondas avançam praia adentro e mar afora sob um sol a pino. Vento e manhã de domingo na minha casa de pau-a-pique.