popolo senza memorie

Duendes e elfos não nascem e não morrem.Simplesmente vivem, como a grama, segados, regados, dormindo e acordando num mundo além de juízos e condenações e tão real que é como se eles não tivessem memórias, e se dedicassem a apenas sugar o encantamento da vida. Por isso são chamados de Povo Sem Memória. Ó, amigos de Faerie, há muito tento contactá-los...mas aqui neste mundo suplicioso existe algo chamado Tempo, criado para nos isolar do conhecimento e privar todos de falar sua língua divina!...

Ineficientemente conhecemos e ineficientemente profetizamos, segundo Paulo.Eu diria mais:ineficazmente agimos e ineficazmente somos.Na superfície oblonga de todos os nossos possíveis futuros, despontam de vez em quando seres antediluvianos que teriam merecido muito mais que nós os gozos e doçuras do Paraíso Terrestre.

Não se espera de um homem que lute numa guerra já perdida. Muito menos se pode cobrar dele anuência com relação a esta grande falácia chamada sociedade. Os direitos que são dados, não se pode tomá-los de volta. Isto porque não existe quem deu, não existe quem recebe. A individualidade é uma armadilha- quando suas rédeas são governadas por mãos tolas. Todos sabemos que é e foi sempre assim.Iludimo-nos recebendo de presente algo que já temos e que injustamente teremos de lutar para manter, fazendo o papel de bufão num palco indigno de seres humanos. Tudo é um jogo do qual, no fim, seremos as peças sacrificadas.Quando nossos irmãos dominam, não há jeito de obtermos liberdade. Estaremos sempre sobre o fio da navalha! Do enigma intrínseco da humanidade pouco restou; cuidamos do outro grande enigma, o “por que tudo deu errado?”, tendo sido esquecido o essencial. Assim é. Respostas podem surgir e muitas outras perguntas virão. Pois já nos perdemos no labirinto, e vivemos aquele momento aterrador entre a tarde que se esvai e a noite que chega. Todas as instituições criadas pelo homem falharam, nascendo já estigmatizadas- talvez fruto de uma delusiva esperança num ser ‘nascido para ser um deus’, que é um conceito absurdo. A divindade é sempre imbele, inerte. William Blake, um século atrás, falava de minded forged miracles, isto é, algemas forjadas na mente e pela mente- uma espécie de armadilha que nós criamos para nós mesmos, jogos mentais escravizadores que forçam a emancipação de nossos duplos. São estes que participam desta guerra maniqueísta e sem motivo. Nós somos inatingíveis, mas há sempre a fascinação do reflexo n’água...

Por que se lê poesia?

Eu, pelo menos, leio para vencer o sono, este fantasma indigno e fascinante que empurra as portas da noite...E escuto um rio que não vacila, com um ruido de cais vazio, velho entre velas acesas, princesa de cabelos meio vermelhos e tantas coisas ainda por chorar e compreender!

Desarmado entre tantas águas porto um livro de imagens...

Mágoas, toadas e uma doçura tamanha que quebra as calhas disciplinadas da mente, caindo como as jóias de mil recifes carmesins, albos,

Num céu que ameaça escapar

Subindo, por si mesmo, para outro céu.

Súbita, a natureza com seus olhos de grande mãe tríplice desvenda meus segredos e o sol se põe entre mil espelhos, assim como a

Rosa Espinho,

O Botão de Rosa e outros símbolos da Mística Alienação do Amor, esta cabana maravilhosa e incompleta, habitada ferozmente pelos tigres da paixão e pelos dragões da sabedoria.

Agora eu adentro com a pompa de um paladino e a incrível lucidez dos santos, já sabendo que não bastam uma simples espada e um puro coração para amar. Não! É preciso ter o aplauso da folia, a boa fortuna e ter a vasta e consoladora cumplicidade da Luna, que de longe esparge seus raios, e...................................................

Filicio Albara
Enviado por Filicio Albara em 27/04/2009
Código do texto: T1562248
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