Escrivaninha

Quando criança, brincava de escrever livros nas paredes dos meus pensamentos. Inventava histórias de Maria’s que gostavam de sair para verem o mar; inventava histórias tão minhas...

Com o passar do tempo, pude perceber que as letras se imprimiam no meu corpo como tatuagens e meus lábios balbuciavam as canções das poesias que eu sonhara desenhar no papel um dia.

Comia livros descompassadamente. Às vezes dançava com três ou mais poetas ao mesmo tempo. Machado, Lispector, Pessoa, Florbela sempre me apareciam nas páginas impressas [e não impressas], que se transformaram em meu papel de parede e alimento diário.

Amo a palavra que toca, que inquieta, beija, arremessa... Amo o ato de parir textos, de banhá-los como se banha bebê, de esculpir palavras, de dedilhar letras como o bom conhecedor dos violões.

Escrevo tão somente para viver. Escrevo tão somente para continuar a respirar. Fico fascinada com a sonoridade das vírgulas e pontos e perco-me na ausência das pausas textuais. E faço disso uma terna e eterna brincadeira.

Essas, só são cartas para a minha doença de fingir que estou e sou poeta.

Minha viagem consiste na exploração da alma humana, nas carícias que desejo oferecer aos meus leitores...