I. Confissões de Lúcio

É das verdades! Tudo na vida faz dor desde os ossos e atinge a pele com uns ardidos que não sei explicar.

É das Verdades, faz um tempão que me instalei nesta esquina: precisam ver as suas caras de espanto?

Ainda ontem ou foi agorinha..., (não vem o caso) um senhor, desses afinados na elegância me insultou.

Da verdade, é que sou medroso! Ludro e cheio das perplexidades, um órfão encardido... Sem sintonia com as grandezas do mundo, buscando música no desamparo.

Entretantos e os mais, sou teatino: do esplendor desse mundo tenho cócegas e um amor de desgarrado por tudo isso que nele está.

Se eu tenho crianças em mim? São de ser e sede justinho assim como eu. E de mais a mais me sobrevivem, essas criaturinhas implicam o gênero indefinido de tudo que posso ser.

Também já me perguntaram se tenho saudade de alguém especial. Algum arrependimento? - Os meus crimes..., os meus crimes foram todos baseados na mais pura inocência. Sinto tanto, mas tanto pelos que ainda não cometi.

E nesta coisa de lucidez sou totalmente intransigente: os meus delírios não reconhecem portas, janelas... Os meus muros já foram como os de Berlim. Mas ainda ontem..., ontem do que me restava de sombra, piquei em mil pedaços e fiz adubo para o meu jardim.