ESTERIÓTIPO
Cansada estou de tentarem me colocar numa forma... Não sou massa, maleável a caber em qualquer espaço que tentam me impor...
Mesmo com o passar dos anos, com toda a tecnologia, o racismo institucional insiste em modelar a mulher como um ser menor que o homem...
Maior? Menor? Que diferença faz? Temos o privilégio de sermos diferentes, desde a parte biológica... Talvez em algum aspecto social encontremos a variável entre o ser ou não menor.
Já tentaram me fazer "Greta Garbo" atual... um mito de solidão, sofrimento e inacessibilidade... Qual o que!
Não sou mito. Sou mulher do meu tempo, vivendo todos os meus momentos dando voz aos meus ais.... Se por vezes sou solidão, sou por opção, amando e respeitando os meus ideais...
Sofrimento? Quem não os têm? Mas tenho uma arma poderosa, um inimigo mortal desse sofrimento, a palavra, a fazê-lo história, mudando sua conotação. E o sofrimento deixa de ser sofrido, para ser o maior motivo de minha admiração!
Inacessível mulher? Claro que sou... até certo ponto. Sou mulher e não carne exposta em açougue... Me dou somente quando me interessa me dar! Tem que ser alguém merecedor dessa doação... a fazer calar meu coração, ou a fazê-lo vibrar!
Se eu fosse uma mulher a ser estereotipada, estaria muito mais para "Pagu", mulher livre na imaginação, no tempo, no espaço... que ousou desabar os muros da hipocrisia, sabendo o que queria encontrar do outro lado...
Porém, estou longe de qualquer padrão... Tenho características próprias, umas pequenas, outras nem tanto, a maioria um tanto revolucionárias... que de revolução mesmo não tem nada, apenas o mundo que não as acompanhou!
Não quero revolucionar costumes, apenas impor as minhas condições. Nem levantar bandeira feminista... Os homens continuam sendo minha maior inspiração... Tampouco farei uma batalha contra a intolerância ou desmandos de um mundo machista... Apenas batalho pelos meus ideais...
Que saiam da frente os que se opuserem, pois a mulher que sou continuará a passar!
Santo André, 13.07.04 - 17:00 hs