CARAPIBÚS

CARAPIBÚS

Uma praia paradisíaca como cenário, e um som de acordeon me faz cúmplice, me trás uma dor cantada, falada, uma saudade enorme.

No teclado alvo, dedos ágeis choram mulheres perdidas, noites de orgia e cavalos ligeiros.

Tudo concorre para a magia, as notas fluem, o som flue e me consome, me doe. Um simples gesto, um simples dedilhar e o som cresce em momentos de êxtase que me apascentam e espicam.

Me fazem voltar às ruas da França, voltar ao passado nas ondas das folhas mortas. Viagem de volta a Perpinghan e à esquina do Petit Castillé onde permanentemente alguem dedilhava um acordeon. Músicas tristes, suaves, envolventes. Lembranças mescladas de real e imaginário, que o próprio tempo se encarregou de esmaecer, mas, o som do acordeon ainda é nítido em minha alma, tanto quanto o dessa noite. Ambos se unem, vencem o tempo e o espaço que os separava e formam uma música, misturando França e essa praia escondida no litoral da Paraíba.

As notas fluem, correm, discorrem e me inebriam...transporto-me, sou o elo entre os acordeons.

A magia instala-se aquí e acolá, concretiza-se nos dedos mágicos, no momento mágico, nas lágrimas mágicas que escorrem copiosamente de meu rosto.

Um misto de contentamento acontece e me impõe um sentimento de sublimação e divindade.

Estou viva!