Pela Estrada

Escrever num espelho as imagens seduzidas, educando os sentidos para ver numa névoa azul as estradas sob o limite da tarde. Como se tudo tivesse sido possível quando os dias se abriam aos clarins da aurora. Escrever é então. Um início que não se extingue. Aquela alba daquelas sombras. Para que no lago das palavras a realidade fosse a tua invenção. À velocidade do vento ou da febre do ar, vejo passar os plátanos e olho na direcção do fim, o asfalto que ficou nas bermas da felicidade. Entre folhas ou entre aves, o corredor de um céu iluminado anuncia a sua dedicatória ao crepúsculo. É a hora de ouvir o mar, a linha que segue paralela ao mármore areal. Sem paragens, o roteiro cumprido pelas frestas de cada noite. E não saber nada mais que um desígnio.Volto às palavras, ao início, as imagens impossíveis que passam rapidamente. Pela estrada fora.