Por que me criaste deste modo?

Olha Deus não sei porque vou escrever-Te (já é muito de noite, porém o travesseiro está umedecido destes olhos e o sono não chega). Não vou saber explicar-me, todavia sei que vais compreender.

Porque preferes deste modo? Estes dias alheios? Reais dias de verão com um frio singular…? Não, não repliques… Eu desejo decifrar.

Entretanto, fala-me… Porque me criaste deste modo, se me amas? Estou convencida de que amas e muitíssimo. É por isso que converso tanto contigo. Eu tenho certeza de que também resmungo e brado… no entanto, não é por maldade. Acho que é pela segurança que me cedeste.

Mas não me percas nesta racionalidade sem razão de amar-Te e questionar-Te. Porque me criaste deste modo?

Entregas-me o conhecimento, a ciência, o raciocínio e o juízo… ofereces-me uma missão linda, um sonho mesmo, e misturas nisto tudo a rendição, a observação dos outros e os sentimentos. Estás todos os dias comigo, num adestramento sem interrupção que é a vida… e depois, nas coisas mais simples, contemplas-me a cometer erros sem dares um passo, uma nota, um sobreaviso. Pressinto mesmo que me permites enganar-me. Às vezes, perdão, mas parece com intenção.

E, sabes o que causa mais dor? O que me faz não entender as Tuas dileções? É que não sou só eu que sou atormentada com estes passos contrários… com estes gestos, de desvelo mas, incertos… são, da mesma forma, filhos Teus, que eu amo, mas que Tu, pelo amor sem os limites do Homem, amas mais.

Olha, meu Deus, cuida deles, como Te peço, mesmo no momento em que desvio-me do bom caminho. Concede-lhes o sorriso que me anuncias. Estende-lhes a Tua mão sempre e, se tiveres possibilidade, pronuncia-lhes ao ouvido que estou aqui… e que gosto muitíssimo deles.

Agradecida.

Tatiane Gorska
Enviado por Tatiane Gorska em 23/04/2009
Código do texto: T1554882
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