No caminho, pedras somos nós!
Todos somos pedras no caminho. Não há quem possa fugir à realidade de que somos lascas da existência rochosa. Cada um, a seu modo, precisa ser desbastado, acertado nas arestas, ganhando formas que definam alguma identidade.
Há os que se moldem a golpes de martelos e rasgos de cinzel. No fim, surgem sofisticados brilhantes ou jóias falsas, porque o valor de cada pedra depende de sua natureza, muito além da maneira como seja lapidada. Falsas ou verdadeiras, as pedras que assim se formam enfeitam as presunções humanas lapidadas em embates evitáveis, porque fomentados pela cobiça, pela vaidade e pelo orgulho.
Há, contudo, os pedregulhos que ganham forma num processo que é um tanto mais simples e, quiçá, menos traumático, já que singelamente se arredondam pelo atrito natural, rolando na correnteza da vida, subindo e descendo, debatendo-se nas armadilhas de erros e acertos que ladeiam a jornada. É certo que se transmutam em meros seixos que, assim, buscam a resignação de aceitar sua própria natureza.
No meio do caminho sempre haverá uma pedra; haverá várias pedras. Somos nós todos cruzando os caminhos uns dos outros, de forma recíproca e concomitante, nos atritando mutuamente.