ABANDONO
Nas ruas, ninguém sabia seu nome
Era o baixinho, o magrinho
Não cabia ali maldade
Algum pão velho doado
Um olhar disfarçado
As vezes, uma moeda
Que agradecia sorrindo
Cachaça era alimento
o corpo ficava quente, esquecia que era gente
dormente ele adormecia
Talvez nem sonho sonhasse
Na praça, pela manhã, ainda o sol lhe sorria
as plantas o perfumavam
Mas seus olhos já não viam
Ele era tão levinho, tão frágil, desamparado
Um anjo veio e soprou
uma folha o carregou.