Tão leve

De alma vivo. E desejo que nas intensas maresias dos teus devaneios respires o ar somente de leve. Tão leve que os teus sapatos na pegajosa lentidão das linhas argilosas da natureza humana fiquem para trás numa água desprovida das tuas embarcações. Porquanto todos já se distanciaram da espessura hospedada do sofrimento. Que à singela agitação das folhas nas margens, tu sejas a alegria sem razão, o inchar de uma fruta pela primavera adentro, o desenho a lápis de uma revolução, o soluçar de medo não pela lembrança de uma fantasia investida aos cabelos como os porões sujos de outro dia qualquer, mas o soluçar de uma carícia de luz pelas cortinas que se esgotam pela residência. E que eu e tu. Amarrotado o sangue com todas as mãos tremidas à flatulência. Que eu e tu, no tempo cálido de uma mão espalmada contra os vidros da reminiscência, sejamos a experiência leve. Com todo o coração vivo do tecido desmoronado. A um passo somente. De um oceano nascido e compartilhado na sucessão rítmica do calor humano. Investigando a noite. Os astros. Atravessando os campos, a pequena diferença das casas, das paredes, dos lampiões acendidos com todas as mãos combatentes, juntamente às vontades. Às nossas. De corações tão intensos.

Tatiane Gorska
Enviado por Tatiane Gorska em 20/04/2009
Código do texto: T1550298
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