Ao fim da tarde
Durmo todo o dia e pouco me interessa o rumor surdo e áspero do verão. Ao fim da tarde, no verde escuro de uma sala secretamente deitada sobre o cansaço, desenvolve-se na claridade uma janela que se eleva no encalço da parede. Não demora nada e é vez de se apresentar a noite. Sem nenhuma súplica os meus olhos se fecham. E a fadiga escondida da janela ocupa-me à força. O coração redondo como um pássaro guardado numa composição. Estender-me na cama: tão somente. Entorpecida. Largada aqui. Difundida. Solta-me aqui. Insensibilizada. Porque pouco me importa o dia.