Imagens

Apareciam-lhe imagens incendiadas pela luminosidade. Arrasadas por um futuro desprovido de limite. Surgiam-lhe as imagens. Aquelas. Aquelas cujas asas extraordinárias se perdem num firmamento notívago. Que celebra em poesia as quatro da manhã no balcão de uma cozinha. Que bóia suspensa juntamente à fadiga. À canseira das imagens. Ao cansaço dos vocábulos. Nos últimos tempos acredito que é isto. Eu sou a fadiga das minhas palavras, desta massa escura na rigidez da carne que imagina lavrando vocábulos no interior do tempo pleno do medo de ser. De ser isto. De permanecer aqui. Destas imagens me atacarem de repente noite afora. Imagens carbonizadas na claridade. Pulsando vocábulos brilhantes na expressão. E eu. Eu sou a canseira dos vocábulos. Um ambiente desumano. Um céu noturno atravessado por morosas aves numa multidão de asas tão vagarosas como os vocábulos. Porquanto as imagens se enterram em mim. E rogam-me mais vocábulos. Mais vocábulos. Queimados e redigidos pela luz.

Tatiane Gorska
Enviado por Tatiane Gorska em 20/04/2009
Código do texto: T1550233
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