em que posso ficar vendo um bom filme até as 4 horas da
manhã sabendo que poderei ficar na cama até Deus qui -
zer sem me preocupar com o tic tac do relógio.
E assim foi. Acordei bem tarde, super descansada e ainda
com direito ao desjejum no jardim embaixo de uma árvore
com som de pássaros tão ou mais felizes que eu.
E foi assim exatamente assim que meu domingo começou.
E foi assim com um pássaro pousado num galho me olhan-
do que me inspirou a escrever isso.
Claro que não foi exatamente esse anjinho ai em cima.
Mas foi um anjo pousado no galho muito parecido.
E perguntei olhando para ele pra onde iria quando voasse.
Se tem coragem para enfrentar o desconhecido?
Se não precisava de companhia nos seus vôos? Se nun-
ca teme uma tempestade? Se conhece a palavra medo?
E acreditem, mantivemos um diálogo sem palavras por mi-
nutos enquanto eu tomava meu café da manhã embaixo da-
quela árvore.
Deixou-me perplexa com suas respostas silenciosas.
Embora me sentisse feliz compreendeu que naquele mo -
mento era importante aquele nosso contato de olhos e co-
ração.
Disse-me aquele anjo que, nunca se preocupa com os
porques, com o que vai lhe acontecer quando parte rumo
ao desconhecido. Aconselhou-me a ser como ele, andar
sem temor, confiante, sem me preocupar se o peremptório
parecer desgovernado. Disse-me ainda que nunca está só
conhece ou se faz conhecer e ser querido por todos os
lugares que seu vôo o leva na vida.
E, certo que tinha passado e deixado sua mensagem para
mim, olhando-me disse que precisava partir e deixava nes-
se domingo tão feliz para mim sua paz, um pouco da sua
loucura (pássaros não deviam falar), da sua amizade por
mim, e, principalmente que nunca eu desistisse do que
busco na vida.
Num último olhar o anjinho sem olhar para trás, partiu.
Voou, buscando outra árvore, outra alma para deixar sua
mensagem de paz.
De presente aos meus queridos vizinhos deixo uma bela poesia de
Lia Luft
Deus,
Sou, como todos, marcada neste flanco
No fundo, Deus,
Deus,
LYA LUFT - Em outras palavras, 2006.