Ailema

Ailema

Que serei quando encontrar

os ossos de Amélia

em meio ao entulho de uma

usina de reciclagem de lixo?

Como proceder, se morta está

a mulher que regava tudo,

o que merecia ser?

O que pensar de quem me esperava

com flores na cabeça

e licor no coração,

se agora é só cálcio?

Que fazer com seus delicados ossinhos?

Uma casinha, como aquela

em que vivíamos?

Pois Amélia desaparecida está.

E eu perambulo

pelas ruas da cidade

procurando uma imagem tal

que me enganar possa,

mesmo que por alguns

extasiantes segundos!

Amélia, que derradeiro ato foi esse?

O que sobrou-me?

Se ao menos ainda falasses...

César Piscis
Enviado por César Piscis em 19/04/2009
Código do texto: T1547619
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.