Ailema
Ailema
Que serei quando encontrar
os ossos de Amélia
em meio ao entulho de uma
usina de reciclagem de lixo?
Como proceder, se morta está
a mulher que regava tudo,
o que merecia ser?
O que pensar de quem me esperava
com flores na cabeça
e licor no coração,
se agora é só cálcio?
Que fazer com seus delicados ossinhos?
Uma casinha, como aquela
em que vivíamos?
Pois Amélia desaparecida está.
E eu perambulo
pelas ruas da cidade
procurando uma imagem tal
que me enganar possa,
mesmo que por alguns
extasiantes segundos!
Amélia, que derradeiro ato foi esse?
O que sobrou-me?
Se ao menos ainda falasses...