Tempo de colheita

Sonhei que morria e morrendo

supliquei a Deus que me poupasse

da morte e daquele cenário horrendo

Resolveu ele ouvir antes que evitasse

mas não veio pessoalmente escutar

mandou em seu lugar um oráculo

Um ser de olhos diamantados

agitava seu majestoso báculo

ao relato dos meus pecados bramia

Durante todo aquele espetáculo

minh’alma deplorava e gemia

a dor que cada palavra carregava

Na solidão daquela agonia

numa visão espetacular de fatos

o enredo da minha existência eu via

E como num imenso delírio

ora em filme, ora em retratos

perplexo tremia ante os fatos

Ali moribundo a tudo ouvia

o que o oráculo vaticinava

mesmo quase falecido compreendia

Era tempo da colheita aquele dia

da semente semeada

eis por que minha vida findava