REFLEXO DUMA BUSCA INCESSANTE
Busco esquecer um passado macabro, onde me deixei ficar com os sofrimentos os enganos e os desamores... os longos sofrimentos que me tornaram ansiosa... impulsiva... compulsiva e sôfrega de justiça.
Hoje busco me encontrar por entre labirintos fechados, sombrios e vazios do meu descontentamento... onde meu corpo reclama a falta de caricias que não teve... e duns braços com os abraços que esperou e que não vieram.
Mergulho-me por dentro de mim... e avisto um vasto lago espelhado das minhas ilusões fugidias... buscando-me encontrar em um outro eu... com menos ansiedade... menos sedenta de humanos desejos... menos exigente de humanos anseios... mas com a mesma sofreguidão por justiça...
Olho-me no espelho da minha vida passada... um espelho desconexo e onde não encontro o meu verdadeiro nexo...
Mergulho-me no rio das minhas inquietações... onde afoguei tantas desilusões, querendo salvar algumas emoções, mas sem derramar lágrimas de sangue... amargas e salgadas...
Lavo-me no vasto lago dos meus desejos vãos... querendo contornar meandros sinuosos para não cair em abismos pantanosos, aonde me levam meus passos errantes...
E nesta busca incessante com ânsias e mágoas, ausências e saudades... vou perambulando no silêncio das horas paradas... dum destino sem luz... nas madrugadas do meu tormento e onde deposito as velhas mágoas do meu descontentamento.
Assolam-me os macabros pesadelos viscosos... das minhas insônias e das minhas trágicas inquietudes... das minhas lágrimas frustradas em sal cristalizadas e encharcadas em sangue e suor... tentando achar os longínquos sonhos de alvorada que caminham por uma estrada sem fim.
Nesta busca incessante continuo procurando-me achar em alguma esquina silenciosa para alcançar o meu porto seguro.
Ainda não sei por onde é meu caminho... aonde me levarão meus passos errantes, perdidos numa multidão de sonhos e recordações... por vezes já nem sei quem sou, tento-me encontrar... pergunto-me para onde vou... e a pedra que é meu corpo continua na busca incessante por um sopro de ilusão... uma quimera perdida... uma áurea luminosa de compaixão... um doce beijo de amor e um gesto de esperança que se perdeu num longínquo adeus.
By@ Anna D'Castro
in "Memórias dum Pensador"